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domingo, 1 de agosto de 2010

A cor da saudade ...


De que cor são as saudades? Brancas, mesmo no principio, quando só vemos azul, o azul infinito de todos os começos, ou então daquele amarelo-claro, cor de quarto de menina no principio do século, suaves, diáfamas, quase imperceptiveis. Saudades brancas, as da infância, dos lanches com a avó nas pastelarias da moda, dos Natais em familia, da primeira vez que ficámos de castigo na escola. São saudades doces, pacificadas, confortáveis, familiares, quase sempre permanentes e no entanto guardadas na memória.
Depois, e por grau de importância vêm as saudades de cores berrantes da adolescência, da primeira vez que o coração começou a bater mais forte, da primeira vez que se ousou dar a mão, do primeiro chumbo no liceu, daquele primeiro acto de rebeldia. São as saudades rebeldes, vermelho vivo, azul turquesa, cor de laranja, numa mistura de cores e sabores agri-doce de que é feita toda a idade do armário, quando nos fechamos para o mundo convencidos que o temos na mão.
Depois vêm as saudades do primeiro amor. Do primeiro beijo, das cartas trocadas. Saudades dos beijos dados ás escondidas nas escadarias do liceu ou na paragem do autocarro deserta. Saudades da primeira noite de paixão em que prometemos este e o outro mundo. E depois, saudades da primeira vez que nos rejeitaram, o peito inexperiente a sangrar, as lágrimas descontroladas e a voz a tremer, as noites de insónias...
Gosto de imaginar as saudades ás cores, amarelas, rosa choque, de cores vivas, ás bolinhas ou ás riscas, mas sempre alegres como confetis e serpentinas em festas de crianças.
Ter saudades boas é uma das melhores formas de gostar de alguém. Saudades boas, que sabem bem, cheias de memórias doces e frescas, saudades de tardes passadas a ler, de passeios na praia a conversar, saudades de um futuro próximo, ainda incerto, mas cada vez mais perto...
São essas as saudades boas, as saudades certas, que não doem, não cansam, não cobram e não pesam, que só conhecem o verbo dar que fazem com que aqueles de quem mais saudades temos, que nem semprenvemos quando queremos, mas que sabem estar sempre próximos e atentos, tenham sempre saudades de nós.

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